domingo, 22 de maio de 2011

Amar

Do ódio irracional
Deveras surgiria amor total.

A fúria sem igual
A lua transformaria em um cartão postal.

É sobrenatural:
Amor brotar do desamor? Paranormal.

É sem saber, sem esperar
É fundamental é poesia é luz amar...

E de repente, a escuridão
Explode multicor em melodia, nota da canção...

E o mundo vira de ponta cabeça
Apressa o coração

Eu lanço meu olhar no teu olhar:
Vale a pena então viver...

Percebo que a essência do meu ser
Não pode ser sofrer...

É, eu fui criado para amar...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Adeus

“Ai que droga”. Porque estava tremendo tanto, meu Deus?Já passara por isso milhares de vezes  mas não se acostumava nunca. Quando não estava perto dele se achava uma fraca, boba, idiota. Prometia a si mesma nunca mais deixar-se levar por aqueles olhos lindos, escuros, que pareciam penetrar-lhe a alma. “Que idiotice”, pensava. Mas, fato consumado, ela não conseguia controlar seus impulsos. A força que os unia era ainda menos compreensível que o mistério que há entre o céu e a terra. No entanto, não podia deixar-se levar por aquele sentimento, por mais intenso e irresistível que pudesse ser. Podia ser fatal. Não só para ela, mas para ele também. Se chegasse aos ouvidos do chefe da comunidade ele daria um jeito no problema rapidinho, e na causa dele também. Morreriam os dois, a tiros, naquela clareira vazia da mata, de preferência.  Já vira isso acontecer antes, mas nunca pensou que um dia pudesse acontecer com ela mesma. Se envolver com alguém do lado de lá do morro não era tão incomum, algo normal e inofensivo para a maioria das pessoas. Mas não para ela. Sabia demais pra deixar a gangue ainda viva. Por mais que não tivesse a intenção de entregar os esquemas do grupo pros adversários, o chefe não podia arriscar. Era naturalmente melhor para ele matá-la do que perder sua maravilhosa fonte de grana pra vida inteira. E o tráfico da cocaína sustentava muita gente, era o ganha-pão da maioria da comunidade. Era sem dúvida muito mais cômodo matá-la, e por isso mesmo é que ela tinha que abandoná-lo o quanto antes. Não podia arriscar perdê-lo para a morte. Não mesmo. Ele não iria entender, é claro. Mas lhe importava mais que ele vivesse. Desta vez tinha que se controlar. Tinha que dizer-lhe adeus naquele instante, antes que perdesse a razão diante daquele olhar novamente. “Não te amo mais”, mentiu. Era como se o coração lhe tivesse sendo arrancado do peito, e a assassina era ela própria. Não lhe olhou nos olhos, eles a trairiam. Apenas pôs as palavras para fora, da forma mais fria que conseguiu. “Esquece que eu existo”. E se foi.