quarta-feira, 13 de dezembro de 2023
Pólos
terça-feira, 12 de dezembro de 2023
Olhos são portais (de novo)
terça-feira, 31 de outubro de 2023
Bruxas
domingo, 22 de outubro de 2023
Olhos são portais
domingo, 17 de setembro de 2023
Flecha
sexta-feira, 1 de setembro de 2023
Seca
quarta-feira, 30 de agosto de 2023
Imagens oníricas
sexta-feira, 28 de julho de 2023
Saudade
domingo, 23 de julho de 2023
Brisa
quarta-feira, 31 de maio de 2023
Flor
terça-feira, 23 de maio de 2023
Café
sábado, 13 de maio de 2023
Lampejo
terça-feira, 18 de abril de 2023
Registro
Fluxos de palavras e sons
Bebeu todas as minhas águas
Que não se esgotaram
E ainda tenho as rotas traçadas
Se no meio do dia parar pra lembrar
Fluem de novo todas as fontes
*
segunda-feira, 20 de março de 2023
Pressentimento
terça-feira, 14 de março de 2023
Arranque
quarta-feira, 8 de março de 2023
Contraste
terça-feira, 7 de março de 2023
(An)danças
Útero
sábado, 25 de fevereiro de 2023
Reza
terça-feira, 24 de janeiro de 2023
Romeu
segunda-feira, 23 de janeiro de 2023
Clínica
sábado, 7 de janeiro de 2023
Cantiga
quarta-feira, 4 de janeiro de 2023
Lista
segunda-feira, 2 de janeiro de 2023
Visita
domingo, 1 de janeiro de 2023
Dança
Findados os tempos de sequidão, o querer latente da terra é de se umedecer.
Os ares ásperos de sol que precedem estes quereres deixam as células sensíveis de todo um ecossistema árido mais que atentas - imóveis - e por isso mesmo em ponto de bala.
A superfície das cascas aguarda ávida uma notícia só, parâmetro do desejo de enverdecer : a primeira chuva.
É curioso. Os seres habitantes do cenário da seca, tão sóbrios e sábios, resilientes e estratégicos, ríspidos e aparentemente fechados em si, cascas grossas e espinhos, caducifólias e resistentes ao fogo, rainhas e senhoras da sobrevivência, depois de tanto aprenderem a se conter, feito mágica, derretem a dureza do ser no primeiro anúncio do escorrer das gotas.
E antes disso, preparam em si o desejo de se lançar à trabalheira desgraçada da renovação : rumas e rumas de folhinhas e mini galhos novos, mini coisas brotando em explosão de fragilidade, numa abertura coletiva para de novo voltar a ser origem, criança, mata virgem. Adolescer.
Depois de meses de se deixar perfurar de luz, do desabar impetuoso do céu sobre o chão, do esmagamento ardente do sol sobre o húmus, depois do consumir das matérias, a água abre espaço e rege a ação oposta.
A penetração agora é no tecido do céu, vida verdejante contraposta ao azul total, avançando no corpo do ar.
A mata cresce, devolve a si mesma seu volume, sua forma e sua abundância, empurrando de volta o que encolhera e ganhando espaço dentro de si.
A vida rasga mata a dentro.
Rompe, desde a raiz , seu silêncio, e de bem dentro engendra a resposta à canção do sol : dança.
* * *