Sinto primeiro os indícios no ar. Sigo pelo cheiro.
Como cega.
Silente, experimento a imersão em mim pelo olfato.
O mapa é
traçado.
Sigo.
Chega muito depois nos outros sentidos.
A vibração do som e os primeiros lampejos na retina já são a
explosão dos músculos incontidos, urgentes, obstinados na tarefa.
A tarefa é a morte.
A morte é minha vida.
O cheiro do sangue é sinal de que minhas veias continuarão a
pulsar.
Circundo o território, numa espera paciente de seu deslize.
Me deito. Me levanto. Rio e converso.
Faço estas e outras
coisas, ocupo as mãos e a mente - seu cheiro não abandona minha pele.
Estou consciente da sua presença no ar.
Memória elétrica,
você é coisa que reverbera.
Minha existência parece ter sido forjada para tragar a sua.
Desculpa.
Assustei você?
*