Às vezes tenho a impressão de que as coisas todas já foram cantadas.
Está tudo dito.
O mundo já manifestou todas as palavras humanas através dos séculos, em canções novas e antigas.
Nos poemas e nas prosas.
Não se inventa mais pólvora nenhuma.
Está consumado.
Enquanto deixo essa frase não inédita esfriar, tendo ela acabado de aparecer em mim, meus olhos param numa coisa curiosa:
Uma louva-deus, verde-esperança, em contraste com minha pá de lixo, vermelha-sangue.
E ela pôs ovos na pá.
Está pondo ainda.
As mãos em prece.
As patinhas de trás arrumam os ovos num aglomerado só, e as da frente limpam o rosto de vez em quando.
Pois sim.
As coisas humanas podem estar todas ditas, mas elas não são todas as coisas.
* * *