sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Respiro

Hoje eu abri a janela do quarto pra aliviar o calorão da tarde e (quem sabe) aliviar também a mente, tão ocupada dos trabalhos, textos, e resenhas de sempre.

Foi só abrir que o ventinho bateu no rosto com força e gosto, arrancando dos meus pulmões um suspiro grandão, desses que a gente só dá quando a pele já sentiu que o ar é puro e fresquinho, nesses raros lugares em que a cidade resolveu ainda não se vender ao concreto, sabe?

Foi aí que eu vi que a árvore que a gente plantou no quintal há uns meses deu um salto só, e já tá passando meio metro do varal de roupa!
As folhinhas novas tremulando no vento pareciam querer fazer sentir como é bom sentir o vento, a natureza...

Foi aí que eu vi umas andorinhas bamboleando agitadas no céu, e o som de uns outros passarinhos se arrumando pra dormir.
Mais ao longe, uns urubus planando compriiido, leves e plenos e tão alto que viravam só pontinhos pretos, miúdos no azul clarinho de céu sem sol.

As nuvens pairando, mais acima, transmitiam aquele sentimento de plenitude que só mesmo as coisas divinas, intocadas pelo dedo do homem são capazes de mostrar.

Cores perfeitas, harmônicas. E sem precisar das regrinhas de combinação que os artistas visuais utilizam.

"Pela janela do quarto, pela tela, pela janela", escapou um sorriso, sem controle.


E no meio da rotina abafada, um respiro.

A brisa fresquinha da poesia.



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