Tua rede
pendurada no sonho, canoa
Flutua rio acima
escapa ao fluxo contrário
das margens desenhadas
pelas águas fortes
que adentram o mar
Suspensa pelas cordas
do rios voadores
Cai na contra maré
No encontro
perfura o ar no perfume
manso dos ombros
e na profundidade dos olhos
Tecida com o tecido
das palavras carregadas de desejo
desembrulham, lívidas
as camadas do tempo
atravessam e emitem
ondas sonoras
acordam os sonares submarinos
Os peixes, inebriados,
procuram fôlego
emergindo no vento
Os pássaros, confusos,
mergulham fundo
procurando ar
Que invenção será canoar em rede?
Será flutuar no sonho ou acordar mergulhado?
Para subir na canoa será preciso afundar?
* * *