sábado, 17 de dezembro de 2011

Complexidades.

Será que será?
Olhar, olhar, e poder tocar?
E rir um riso e ver um outro aflorar?

Mas como ditar palavras sem palavras,
transmissão olho a olhar?

E se o olhar se recusa a ditar tudo aquilo que por lábios não deve passar?

Sabe, só olhar,
olhar no olhar?
Basta.
Basta e não basta.

É que olhar é um estranho vício que cresce até querer explodir em alguns outros vícios. Mais complexos, é claro. E lancinantes, e desvairantes, e deliciosos também. Mas, complexos. E frívolos.

Por hora, só olhar. A mente domina a matéria. Por hora, é claro.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Alagados

   Mal pregara os olhos, e o despertador já estava tocando, que nem todo dia. Em sua mente já ouvia os primeiros acordes de Alagados - tradução musical de seu dia, literalmente, ou quase. Obrigou o corpo a desgrudar da cama que naquele momento parecia a melhor do mundo apesar do colchão velhinho, e o player imaginário fez chegar a seus ouvidos, juntamente com o raio de sol que escapava à fresta da janela e agora lhe banhava o rosto, as primeiras linhas da canção: "Todo dia, o sol da manhã vêm e lhes desafia...", na voz dos Paralamas do Sucesso. Pôs os pés no chão friorento e, junto ao arrepio frio que o choque térmico causou-lhe na espinha, ouvia "traz do sonho pro mundo quem já não o queriaaa...". "Palafitas, trapiches, farrapos: filhos da mesma agonia" - era a água congelante do chuveiro que lhe fazia arder a pele e arrastava junto a si os resquícios de indolência que resultavam de uma noite mal dormida. E, com a canção ecoando em sua mente, se arrumou e saiu.
    
    "E a cidade" lá fora, não tinha "braços abertos num cartão postal" mas trazia sim, na vida real, punhos fechados que lhe negavam oportunidades, cidade que, diariamente, "mostra a face dura do mal". 
    
    Caminhava agora pelas ruas, não de Trenchtown ou Favela da Maré, mas encontrava-se alagado. Alagado num mar revolto, feito de gente e de concreto, na ferocidade do horário de pico. Passos apressados de quem precisa voar pra manter a si mesmo e a mais alguém naquela selva de pedra, mesmo sem ter asas. E a esperança?, perguntava-se. "A esperança não vem do mar, vem das antenas de TV"- novamente o eco da canção em sua mente. É, a esperança não podia mesmo vir do mar gris em que se encontrava. E como qualquer outro, só lhe restava mesmo torcer pra que hoje à noite, no último capítulo da novela, o mocinho da novela casasse com a mocinha. E ir vivendo, que nem todo dia: "A arte é de viver da fé, só não se sabe fé em quê".
    
    Caminhou alguns minutos em silêncio absoluto: vácuo de palavras e pensamentos. E aí, a palavra-luz se acendeu em sua mente: não. A primeira vez que pronunciou, mais parecia uma indagação que uma resolução: não?! E falou novamente: não. Depois de repetir algumas vezes, adquiriu um tom respeitável, apesar de ainda meio trêmulo.

    Sobre os mares cinzentos do concreto nascia um ser humano iluminado.
    Ali, alagado, nascia um cidadão.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Felicidade

Não depende de alguém, algo ou algum lugar, quase. Ela vem de mansinho, e quando você percebe, já te dominou. É aquela luz tênue da madrugada, aquela que, quando você dá por si, já é dia claro, azul-brilhante. É flor que desabrocha aos pouquinhos, pra de repente, já estar aberta inteira, inundando o jardim em cor.
É o ponteirinho das horas do relógio, aquele que, mesmo sem perceber, é a coisa mais paciente do mundo, é aquilo que atravessa aos milímetros, as vinte e quatro horas de um dia, todos os dias. É oxigênio que penetra cada célula, o qual na abundância nem percebe-se, entretanto em sua ausência não vive-se.

E nem tem causa ou condição, quase.

Basta despir-se dos maus pensamentos, todos eles, e mergulhar-se na mais bela canção ao pôr-do-sol. Expulsar a raiva do coração, as mágoas da alma e preocupar-se apenas com o que é divino. Apenas com o amor divino, a paz divina, e recusar-se a usar o coração para odiar algo ou alguém.
E abrir aquele mais lindo sorriso só pra si mesmo, e deixar ele fazer formigar o corpo inteiro.
E esquecer-se até do esquecimento, e não preocupar-se em procurar o amor da sua vida porque o amor da sua vida é você.

E aí ela chega. Mas não vai deixar você vê-la entrar. Não vai nem bater na porta.
E aí, quando você percebe, já é feliz.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Temporal

Chovia. Grossas lágrimas das nuvens encharcavam-lhe a camisa, a calça, os cabelos... Tinha que esperá-la. Mesmo debaixo daquele temporal, algo lhe fazia sentir que ela estava perto, que viria sim. Durante os últimos seis meses, lhe tomara todos os pensamentos. Onde estaria? Porquê fugira dele? Será que fugira dele? Estaria viva, ao menos? Todas as células do corpo ansiavam loucamente por uma resposta, mesmo que esta significasse o pior. Teria sido sequestrada? Seria ela mais uma pobre vítima da maldade do coração humano?

Naquela tarde teria a resposta, sentia isso lhe arrepiando a pele. Iria ver. Desejava vê-la, mas estava consciente de que também poderia ver seu assassino. Mas ali, ensopado, sentia que seria ela. Duas horas passaram, e lhe parecia uma eternidade. Cansou de esperar. Frustou-se. E resolveu ir embora.
Quando finalmente caminhou até o final da rua, ouviu uma voz:
"Corta!"

Era o diretor, é claro. A chuva cenográfica foi desligada, as câmeras também.
"Bom trabalho, pessoal! Já chega por hoje."
De volta à vida real, se dirigiu ao camarim para vestir uma roupa seca. E foi para casa dormir.
Amanhã gravaria a cena do beijo, para delírio dos telespectadores.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Meia noite

      No dia seguinte, ele estava morto. Parecia esperar eternamente por um futuro que jamais viria. Era uma pessoa a quem sabíamos ser boa, tinha ainda muito por viver. Agora estava ali, imóvel, apenas mais uma vítima daqueles estranhos eventos mensais. O povo até já se habituara, mas não havia como aceitar tais desgraças com um sorriso nos lábios. Cada morte era uma dor, cada mês representava a angústia de atravessar os dias sem saber quem seria a próxima vítima. Seria um amigo, um tio, um primo, um irmão, uma mãe, um pai, ou você mesmo? Impossível saber.
      Desde que eu era pequena, há tempos atrás, me pai dizia que à meia noite da primeira sexta- feira do mês aparecia uma visagem pelas ruas maranguapenses, acompanhada de um terrível barulho de correntes sendo arrastada e gritos agonizantes. Contava que via-se o fantasma do filho que matou o pai, arrastando o cadáver acorrentado pelas estradas da cidade, algo sobrenatural que até então eu nunca havia presenciado.
       Àquela semana, lembro-me bem, tinha completado meus dez anos de idade, e passara os dias ainda na euforia dos presentes ganhos e às lembranças do delicioso bolo de chocolate que mamãe preparara para colocar minhas dez velinhas. E era sexta-feira, a primeira do mês. Estávamos sentados na calçada em frente à minha casa, e conversando, não vimos o tempo passar. Então começamos a ouvir um som estranho, um assovio bem fino, seguido de um barulho de como se alguém estivesse arrastando um punhado de correntes pelo chão.”Pai, o que é isso?”, eu perguntei. E ficou todo mundo assombrado. Papai, depressa, nos falou: “Entra todo mundo que isso é o filho que matou o pai. Ele anda arrastando o morto pelas ruas do Maranguape, e pode ter certeza que amanhã alguém aparece morto na cidade”.
        Foi a última vez que ele nos contou aquela história. No dia seguinte, não acordou novamente. Tinha simplesmente parado de respirar.



* Esse texto é baseado no conto popular maranguapense conhecido como " O filho que matou o pai" ou " O grito da meia noite". Mas quem conta um conto, sempre aumenta um ponto, né? 
Fiz esse texto pra um trabalho de história do colégio, muito interessante por sinal. Ouvi o relato da dona Lourdes ( tenho gravado ainda aqui no pc) e me inspirei pra escrever. Espero que dê medo rsrsrsrs...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Apenas amigos.

“Deixa eu te abraçar?”
“Talvez”
“Deixa eu te beijar?”
“Porque deixaria?”
E ela sorriu o sorriso mais lindo e aberto que pôde - o mais completo sim que podia dar, ele sabia disso. Quando ela finalmente relaxava os músculos da face, deslizando os lábios para aquele sorrisinho torto, sapeca, e ele sentia aquela vertigem repentina, ou melhor:  tonteira mesmo que vertigem é coisa de mulherzinha...
Ah, aquilo era um sim...
E aí ela foi chegando mais perto – como adorava aquele cheiro que ela tinha, simplesmente não sabia como resistira até então...

E bagunçou seu cabelo com os dedos de cetim – droga, não conseguia se mover, porquê? Era mesmo um frouxo...

E lhe olhou nos olhos – “Faz alguma coisa, idiota, não é isso que você queria?” Há tanto tempo imaginava esse momento...

 Não contava com que seu próprio corpo pudesse reagir assim. Paralisia total.
Já lhe sentia o hálito a poucos centímetros quando seu corpo lembrou de se mover,  e retomando o controle dos movimentos, a beijou.

E era o céu, era luz, era o ar! Bom, na verdade não podia ser o ar porque quase sufocaram de tanto tempo que ficaram grudados, descontando aquela época em que fingiam, dissimulavam, atuavam pra se ignorar quando na verdade...

“É, acho que te amo”.
“Pois eu tenho certeza de que você me ama”.
“Hum, convencida”.
“Também te amo”.

E se beijaram de novo. E de novo, e de novo, e de novo, e de novo e de novo...
E eu podia ficar aqui escrevendo um milhão de “de novos” a noite inteira. Mas acho que vou dormir.

domingo, 22 de maio de 2011

Amar

Do ódio irracional
Deveras surgiria amor total.

A fúria sem igual
A lua transformaria em um cartão postal.

É sobrenatural:
Amor brotar do desamor? Paranormal.

É sem saber, sem esperar
É fundamental é poesia é luz amar...

E de repente, a escuridão
Explode multicor em melodia, nota da canção...

E o mundo vira de ponta cabeça
Apressa o coração

Eu lanço meu olhar no teu olhar:
Vale a pena então viver...

Percebo que a essência do meu ser
Não pode ser sofrer...

É, eu fui criado para amar...

terça-feira, 17 de maio de 2011

Adeus

“Ai que droga”. Porque estava tremendo tanto, meu Deus?Já passara por isso milhares de vezes  mas não se acostumava nunca. Quando não estava perto dele se achava uma fraca, boba, idiota. Prometia a si mesma nunca mais deixar-se levar por aqueles olhos lindos, escuros, que pareciam penetrar-lhe a alma. “Que idiotice”, pensava. Mas, fato consumado, ela não conseguia controlar seus impulsos. A força que os unia era ainda menos compreensível que o mistério que há entre o céu e a terra. No entanto, não podia deixar-se levar por aquele sentimento, por mais intenso e irresistível que pudesse ser. Podia ser fatal. Não só para ela, mas para ele também. Se chegasse aos ouvidos do chefe da comunidade ele daria um jeito no problema rapidinho, e na causa dele também. Morreriam os dois, a tiros, naquela clareira vazia da mata, de preferência.  Já vira isso acontecer antes, mas nunca pensou que um dia pudesse acontecer com ela mesma. Se envolver com alguém do lado de lá do morro não era tão incomum, algo normal e inofensivo para a maioria das pessoas. Mas não para ela. Sabia demais pra deixar a gangue ainda viva. Por mais que não tivesse a intenção de entregar os esquemas do grupo pros adversários, o chefe não podia arriscar. Era naturalmente melhor para ele matá-la do que perder sua maravilhosa fonte de grana pra vida inteira. E o tráfico da cocaína sustentava muita gente, era o ganha-pão da maioria da comunidade. Era sem dúvida muito mais cômodo matá-la, e por isso mesmo é que ela tinha que abandoná-lo o quanto antes. Não podia arriscar perdê-lo para a morte. Não mesmo. Ele não iria entender, é claro. Mas lhe importava mais que ele vivesse. Desta vez tinha que se controlar. Tinha que dizer-lhe adeus naquele instante, antes que perdesse a razão diante daquele olhar novamente. “Não te amo mais”, mentiu. Era como se o coração lhe tivesse sendo arrancado do peito, e a assassina era ela própria. Não lhe olhou nos olhos, eles a trairiam. Apenas pôs as palavras para fora, da forma mais fria que conseguiu. “Esquece que eu existo”. E se foi. 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Aos pedaços

Dor. Saudade. Desejo.
Um instante de amor
o momento do beijo.

Estranha alegria
fuga à razão
esvair-se em horror:
total confusão.

Sentir-se metade
e não por inteiro,
peito vazio
tiro certeiro.

Rosto em brasa
mente a ferver
o coração palpitante
é destinado a morrer...

Mas o tempo aplaca tão confusa dor
e o amante coração (amado?)
um dia mergulha-se em total torpor.

E até a morte chegar,
nunca mais despertará:
uma vez esfacelado o sonho,
impossível ajuntar.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Tempos

Estes tempos avaros, até demasiados tristes, em que nem mesmo os degraus de minha escada têm a honra de sentir-te. Em que nem mesmo os ladrilhos destas tortuosas ruas podem ter o teu toque. Nem mesmo o pó que desprende do asfalto em que piso impregna teus sapatos. Quem dera ao menos estes raios de sol que me atravessam os olhos atravessassem também os teus. Se eu pudesse ao menos saber que o ar, este que me rodeia, é também aquele que te envolve completamente...
Morrestes.
Em apenas um segundo tua respiração cessou. Foi então que, simplesmente, meu mundo desabou.
Deixaste-me, apesar de saberes que dependo de ti.
E cá estou, sozinho, em profunda solidão, a degradar aos poucos essa frágil matéria orgânica como qualquer outro pobre mortal, a qual um dia chamei coração.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Viver

Viajem ao céus,
imersão em mar
linha do horizonte:
o infinito alcançar!

Estar assim perto
mas tão distante
livro querido
esquecido na estante...

Abandonar-se por mais de um segundo,
abrir os olhos e ver o mundo.

Descobrir o que há em si,
conhecer o detalhe de cada gesto
contestar as próprias verdades
o que pensamos nem sempre é certo.

Ir além da superfície
penetrar junto à razão
olhar nos olhos e saber
o que há no coração

Como pássaro voar
a cada nova estação que chegar
Como raio de sol alcançar
o lugar onde nunca alguém pensou tocar.

Abrir as janelas da alma
compor a canção da vida
não permita que viver
não passe de aventura não vivida...

La nuit

E dela cabelos sedosos eram
sob o dele intenso olhar, desejo
Palavras ao vento, ao pé do ouvido
vício de amor, fogo consumido

Juntos, lava, vulcão
quem sabe amor, 
e dele explosão?

Uma noite escura pra iluminar
fogo em  fogo pro fogo apagar...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Verão

Andado devagar, brilho no olhar, perfume pelo ar, sorriso de arrasar...
É, ele chegou. Chegou intensamente, e assim, tão simplesmente que foi fácil acostumar...
Ruborizando a palidez, enlouquecendo a sensatez,
agitando mares, encontrando olhares, fazendo o corpo inteiro suar...
Jogou fora os casacos do armário (ou pelo menos os escondeu bem no fundo)
e resolveu que a beleza seria exclusivamente exibida à tops e mini-saias.
Pôs as nuvens de folga para que o céu fosse totalmente azul sob a luz do sol e para que sob a luz da lua, as estrelas pudessem ser de novo incontáveis.
Devolveu aos ouvidos o som dos pássaros, às andorinhas sua alegria e ao céu suas atrizes, para que com elenco completo ele pudesse novamente pôr em cartaz o crepúsculo matinal.
Chegou lotando areias, desfilando sereias e fazendo, é claro, um monte de marmanjo assobiar... 
Veio dourando faces, fervendo almas, acalorando sorrisos e (aiaiai!) distribuindo abraços mais quentes do que nunca... 
Ahh o verão...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

gjhgfjhgjhbsdcjhgfjhcnb cshdg!

Mil e uma coisas pra fazer não deixam espaço pra inspiração
Um dia cheio não nos deixa nem simplesmente cantarolar uma canção
À Noite Só Lotação Invasão Poluição Corrupção Destruição Ê PERTUBAÇÃO!
Afe. Desligo a televisão.
Praguejo contra a fatalidade da mídia brasileira. 
Se essa história de você é o que você pensa for verdade o mundo tá fudido!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Destino.?

Esse tal destino 
que voga-me sentenças ideais
mas que logo as retira, 
me condenando a suplícios mortais

Este volúvel destino 
que dedica-se a fazer-me feliz
mas que tão logo o consegue
bota-se a tirar de minha vida a diretriz

Falo desse amargo destino 
que nos faz desejar o irreal
mas que só nos concede 
o que é desigual...

Quem sabe o culpado é o destino
Há quem culpe o descalço menino
e eu não passo de pó
num universo humano já tão desumano: 
capital.



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Num lugar qualquer...

Ainda não conseguia entender como aconteceu. Há pouco odiavam-se. Talvez a lua cheia daquela noite os tivesse enfeitiçado. Sem querer afastaram-se da turma e ele, num impulso desconhecido, beijou-a. Desculpou-se, afirmou que simplesmente não resistira. Tudo bem, se prometesse não fazer novamente. "Avisa antes, tá?". E se agarraram. Não passaram de beijos  e por isso mesmo não entendia como tinha sido tão intenso. Fatal. Quase irreal. Mas acontecera, lembrara de beliscar-se. Mas ainda não entendia. Estaria apaixonado? Não, há pouco odiavam-se. Preferia acreditar que a lua cheia daquela noite os tivesse enfeitiçado.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Gotas de Chuva

Gotas de chuva atravessam o teto,
tocam e arrepiam a pele gelada...
Gotas de chuva de um inverno nascente
que vêm abrandar o torpor de uma alma carente.
Buracos no teto, crateras na alma,
até o sol se nega a aparecer...
Vento gelado, atmosfera sombria,
 lágrimas aquecem alguma face fria.
Árvores bailam,dançam, valsam ao vento...
simplesmente deixam-se estar, felizes, sob o espesso orvalho...
Mares de chuva lavam os prédios, invadem janelas, portas, frestas, almas...

Simples retrato de um dia comum.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Bipolar

Unir-me a mim só em poesia, 
pois minha alma tem faces em demasia...


As leis físicas não dominam o meu ser, 
se ao mesmo tempo e lugar, 
posso morto estar, e ainda viver.


Sou carente-independente, 
sincero e obscuro...
Livre, mas encarcerado em meus próprios muros.


Voto contra, a favor, 
estou lúcido, 
mas entorpecido pela constante transformação de minha alegria em dor.


Viver assim, tão duplamente, 
faz-me muito desgastar, 
mas que fazer se é o destino que assim parece querer me fazer estar?

O meu pé de Laranja Lima

Criei esse blog pra tirar uns escritos da gaveta, não deixar que mofassem, reclusos. E pra continuar escrevendo, que é uma parte da minha felicidade. Não digo que os textos são bons, mas são meus. E tenho orgulho deles de qualquer jeito. 
O nome do blog, como tem na página inicial, é em homenagem a um dos melhores livros que li, escrito pelo José Mauro de Vasconcelos. Até a data que escrevo este post, já li o livro umas quatro vezes, e não canso nunca. Vale a pena ler. 
As capas de livro que estão na barra lateral do blog são alguns dos melhores livros que eu já li e recomendo que você os leia quando tiver tempo meesmo, porque vc só vai querer parar quando terminar! 
Se algum blogueiro aparecer por aki e quiser deixar o link do seu blog comenta aí no mais recente que eu sigo na hora! 
Beijinhos a todos. 


P.S.: Porque você não começa a escrever também? É uma limpeza da alma, vc vai ver!