domingo, 21 de fevereiro de 2021

Semiárido

Não tenho medo dos ares áridos 
ressequidos, desaguados
do chão que racha

temo as palavras secas
fios cortantes

evaporam um mar inteiro 
mesmo que se finjam suaves

ressecaram todas as minhas águas

da pele
dos olhos
da boca
de mais dentro

todos os meus fluidos se foram

quero as palavras úmidas
fluidos novos
fluidez

nadar no rumo da maré
remar com o vento
caminhos abertos


*

Nenhum comentário:

Postar um comentário